domingo, 6 de julho de 2008

Espraiamento Deserto

Não me apetece escrever.
Não me apetece falar.
Não me apetece dizer seja o que for.
Disperso. Divago entre mim e eu. Sem rumo ou propósito. A miséria humana de vegetar num corpo vivo.

Não estou sendo melodramático. Apenas gostaria que por vezes o meu pensamento deixasse de pesar que nem chumbo. Sentir um alívio na cabeça. E uma calmaria me diluindo o corpo. Não este frenesim que me corre pelos membros e pulsa no meu ventre e no meu peito, como uma criatura estranha tentando saltar para fora. Tentando rebentar em vida e horror.

O que pretendo da vida?
O que pretendo eu da vida?
Gostaria de saber que rumo é este.
Que bússula guia os meus passos? Qual o propósito desta empresa?
Apenas respirar e comer para me manter vivo?
Tão pouco. Tão sem ambição. Ou talvez tão embutido de enfado, por uma espera que nunca deveria ser tão longa.

Estendo os membros. Estendo os braços. Estico as mãos até ao horizonte e para lá, até ao infinito. E nada toco. Nada encontro. Tudo o que se insinua acaba por não passar de mera ilusão. Miragem informe mas aliciadora. Profecia duma fé sem causa.

Eu quero apenas dormir um sono tranquilo. Um sono longo. Tão longo quanto o Tempo. E tão pacífico como o Vazio.
O Sono do meu Senhor. Meu Amado Senhor Anúbis.

Nada.

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