sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O MAR PAROU




O mar parou,
Ficou um deserto imenso,
A noite o tingiu de breu, como o abismo que ele esconde.
A nau esquecida espera imóvel
No horizonte infinito, mudo.
O mundo parou, tudo parou.
Os rostos cristalizaram no mais fino alabastro
Transparentes, silenciosos, vazios.
Os vultos da cidade são espectros que se perderam da sua própria história
De vidas esquecidas,
Abandonadas no torpor peçonhento da ignorância. Fétida, imunda.
A cidade é uma imensa caverna donde nada sai
E a vida definhe em exalações pútridas
Criaturas vis sugam a simpatia de olhos apáticos, ausentes.
Eu me quedo sobre as águas.
Negro como pez.
Mas sei...
Virá a Luz, pois ela se esconde em mim.
Virá o Tempo, pois ele me atravessa como uma lança.
O infinito é este imenso vazio
Donde se ergue o sopro gélido, que nos recorda a Vida
A espera
O medo desperto pela dúvida, traiçoeira.
Mas do peito eu arranco meu rubi coruscante
O observo e acaricio. Afinal ele é tudo que resta.
Não o posso deixar nas areias sem idade
Abandonado
Abandonado
Eu... ?