O mar parou,
Ficou um deserto imenso,
A noite o tingiu de breu, como o
abismo que ele esconde.
A nau esquecida espera imóvel
No horizonte infinito, mudo.
O mundo parou, tudo parou.
Os rostos cristalizaram no mais
fino alabastro
Transparentes, silenciosos,
vazios.
Os vultos da cidade são
espectros que se perderam da sua própria história
De vidas esquecidas,
Abandonadas no torpor peçonhento
da ignorância. Fétida, imunda.
A cidade é uma imensa caverna
donde nada sai
E a vida definhe em exalações
pútridas
Criaturas vis sugam a simpatia
de olhos apáticos, ausentes.
Eu me quedo sobre as águas.
Negro como pez.
Mas sei...
Virá a Luz, pois ela se esconde
em mim.
Virá o Tempo, pois ele me
atravessa como uma lança.
O infinito é este imenso vazio
Donde se ergue o sopro gélido, que
nos recorda a Vida
A espera
O medo desperto pela dúvida,
traiçoeira.
Mas do peito eu arranco meu rubi
coruscante
O observo e acaricio. Afinal ele
é tudo que resta.
Não o posso deixar nas areias
sem idade
Abandonado
Abandonado
Eu... ?